segunda-feira, 28 de março de 2016

Night Fort: Cozinheiro Ratazana | Game Of Thrones

Cozinheiro Ratazana é um infame membro da Patrulha da Noite. A história esquecera seu nome verdadeiro.
De acordo com a lenda, o homem, que mais tarde seria conhecido como Cozinheiro Ratazana, era um simples cozinheiro em Fortenoite. Ele se tornara infame quando servira a um Rei Ândalo um empadão, que era feito de bacon e, sem que o Rei soubesse, do próprio filho do Rei. O Cozinheiro matara o filho do Rei, um Príncipe, para vingar-se de um erro que, supostamente, o Rei fizera com ele. O Rei, ignorante do fato, elogiou o sabor e pediu para repetir. Os deuses, mais tarde, bravos pelo cozinheiro ter assassinado um hóspede sob seu telhado, amaldiçoaram-no, e transformaram-no em uma monstruosa ratazana branca, que só podia comer os próprios filhos. 

Segundo a história, ele é uma enorme ratazana branca, e todos os outros ratos que habitam Fortenoite são seus descendentes.
Tal é a infâmia do conto, que há uma canção sobre o Cozinheiro Ratazana que ainda é cantada nos Sete Reinos, apesar do fato de que este incidente, supostamente, acontecera centenas de anos antes do desembarque de Aegon. A canção é usada para representar as repercussões àqueles que violam as leis sagradas da hospitalidade nos Sete Reinos, que são conhecidas como o direito de hóspede.

Leia a seguir a parte do livro (Game Of Thrones) que conta esta história detalhadamente:


- Este parece um lugar antigo - disse Jojen enquanto atravessavam uma galeria onde a luz do sol caía em feixes poeirentos através de janelas vazias. - E duas vezes mais velho do que Castelo Negro - disse Bran, recordando. - Foi o primeiro castelo da Muralha, e também o maior. - Mas também foi o primeiro a ser abandonado, ainda no tempo do Velho Rei. Mesmo então, três quartos dele já se encontravam vazios, e era muito dispendioso mantê-lo. A Boa Rainha Alysanne sugeriu que a Patrulha o substituísse por um castelo menor e mais novo, num local a apenas onze quilômetros para leste, onde a Muralha se curvava ao longo da margem de um belo lago verde. Lago Profundo foi pago pelas jóias da rainha e construído por homens que o Velho Rei enviou para o norte, e os irmãos negros entregaram Fortenoite às ratazanas. Mas isso havia sido dois séculos antes. Agora, Lago Profundo estava tão vazio como o castelo que tinha substituído, e Fortenoite... - Há fantasmas aqui - disse Bran. Hodor já tinha ouvido todas as histórias, mas Jojen talvez não. - Fantasmas velhos, de antes do Velho Rei, de antes até de Aegon, o Dragão, setenta e nove desertores que foram para o sul a fim de se tornarem fora da lei. Um deles era o filho mais novo de Lorde Ryswell, e por isso, quando chegaram às terras acidentadas, procuraram refúgio em seu castelo, mas Lorde Ryswell aprisionou-os e devolveu-os a Fortenoite. O Senhor Comandante mandou abrir buracos no topo da Muralha, enfiou neles os desertores e selou-os no gelo, vivos. Têm lanças e berrantes e estão todos virados para o norte. Chamam-se as setenta e nove sentinelas. Abandonaram seus postos em vida, portanto, na morte, sua vigília dura para sempre. Anos mais tarde, quando Lorde Ryswell já estava velho e moribundo, fez que o trouxessem para Fortenoite para poder vestir o negro e ficar junto do filho. Enviara-o de volta para a Muralha por uma questão de honra, mas ainda o amava, por isso veio acompanhá-lo na vigília. Passaram metade do dia esquadrinhando o castelo. Algumas das torres tinham desmoronado, e outras pareciam pouco seguras, mas subiram à torre sineira, onde não havia sinos, e à colônia dos corvos, onde não havia corvos. Sob a cervejaria, encontraram uma adega de enormes barris de carvalho que trovejavam ocamente quando Hodor batia neles com os nós dos dedos. Encontraram uma biblioteca onde as prateleiras e os escani- nhos tinham desabado, não havia livros, mas era possível encontrar ratazanas por todo lado. Acharam uma masmorra úmida e fracamente iluminada, com celas suficientes para quinhentos cativos, mas quando Bran pegou numa das barras enferrujadas, ela partiu-se na sua mão. Só restava uma parede em ruínas no grande salão, a casa de banhos parecia estar se afundando no chão, e um enorme espinheiro conquistara o pátio de treinos em frente ao arsenal, onde irmãos negros um dia tinham trabalhado com lanças, escudos e espadas. No entanto, o arsenal e a forja ainda se mantinham em pé, embora as teias de aranha, as ratazanas e a poeira tivessem ocupado o lugar das lâminas, dos foles e da bi- gorna. As vezes, Verão ouvia sons aos quais Bran parecia surdo, ou mostrava os dentes a coisa nenhuma, com o pelo do cangote eriçado... mas o Cozinheiro Ratazana não chegou a aparecer, e as setenta e nove sentinelas e o Machado Louco também não. Bran sentiu-se muito aliviado. Talvez seja apenas um castelo vazio em ruínas. Quando Meera regressou, o sol era somente o fio de uma espada acima dos montes ocidentais.



 - O que foi que viu? - perguntou-lhe o irmão Jojen. - Vi a floresta assombrada - disse ela num tom pensativo, - Montes selvagens que se erguem até perder de vista, cobertos de árvores nunca tocadas por um machado. Vi a luz do sol cintilando num lago e nuvens que se aproximam vindas do oeste. Vi manchas de neve velha e pingentes do tamanho de lanças. Vi até uma águia pairando no céu. Acho que ela também me viu. Acenei para ela. - Viu algum caminho para baixo? - perguntou Jojen. Ela sacudiu a cabeça. - Não. E uma queda livre, e o gelo é tão liso... eu talvez fosse capaz de descer se tivesse uma boa corda e um machado para abrir apoios para as mãos, mas... - ... mas nós não - terminou Jojen. - Não - concordou a irmã. - Tem certeza de que este é o lugar que viu no seu sonho? Talvez estejamos no castelo errado. - Não. O castelo é este. Há um portão aqui. Sim, pensou Bran, mas está bloqueado por pedra e gelo. Quando o sol começou a se pôr, as sombras das torres cresceram e o vento soprou com mais força, fazendo rajadas de folhas secas e mortas crepitar nos pátios. As sombras que se reuniam lembraram a Bran outra das histórias da Velha Ama, a história do Rei da Noite. Tinha sido o décimo terceiro homem a liderar a Patrulha da Noite, dizia ela; um guerreiro que não conhecia o medo. - E esse era o seu defeito - acrescentava —, pois todos os homens devem conhecer o medo. - Sua perdição havia sido uma mulher; uma mulher vislumbrada do topo da Muralha, com a pele branca como a lua e olhos que eram como estrelas azuis. Sem nada temer, ele perseguiu-a, pegou-a e amou-a, embora a pele dela fosse fria como gelo, e quando lhe entregou a sua semente, entregou também sua alma. "Trouxe-a de volta para Fortenoite e proclamou-a rainha e a si o seu rei, e com estranhas feitiçarias prendeu os Irmãos Juramentados aos seus desígnios. Governaram durante treze anos, o Rei da Noite e sua rainha cadáver, até que por fim o Stark de Winterfell e Joramun dos selvagens se aliaram para libertar a Patrulha da servidão. Após a sua queda, quando se descobriu que o Rei da Noite tinha andado fazendo sacrifícios aos Outros, todos os registros que se referiam a ele foram destruídos e até seu nome foi proibido. "Alguns dizem que era um Bolton - concluía sempre a Velha Ama. - Alguns falam de um Magnar de Skagos, outros dizem Umber, Flint ou Norrey. Alguns querem nos convencer de que era um Woodfoot, membro da família que governava a Ilha dos Ursos antes da chegada dos homens de ferro. Mas não era. Era um Stark, o irmão do homem que o derrubou. - Então dava sempre um beliscão no nariz de Bran, ele nunca esqueceria disso. - Era um Stark de Winterfell, e quem sabe? Talvez seu nome fosse Brandon. Talvez dormisse nesta mesma cama, neste mesmo quarto." Não, pensou Bran. Mas caminhou por este castelo, onde vamos dormir esta noite. Não gostava nada daquela idéia. "O Rei da Noite era apenas um homem à luz do dia" dizia sempre a Velha Ama, "mas a noite era por ele governada". E está ficando escuro, Os Reed decidiram dormir nas cozinhas, um octógono de pedra com uma cúpula quebrada. Parecia oferecer melhor abrigo do que a maior parte dos outros edifícios, apesar de um represeiro retorcido ter aberto caminho através do chão de ardósia ao lado do gigantesco poço central, se estendendo, inclinado, para o buraco no telhado, com os ramos brancos como ossos se esticando para o sol. Era uma árvore estranha, mais esguia do que qualquer outro represeiro que Bran tivesse visto e desprovida de rosto, mas pelo menos fazia-o sentir que os deuses estavam ali com ele. Era a única coisa de que gostava nas cozinhas, porém. O telhado estava lá, na maior parte, então se manteriam secos caso chovesse, mas não parecia que conseguiriam ficar quentes ali dentro. Era possível sentir o frio se infiltrando através do chão de ardósia. Bran também não gostava das sombras, ou dos enormes fornos de tijolo que os rodeavam como bocas abertas, ou dos enferrujados ganchos para carne, ou das cicatrizes e manchas que via na mesa de açougueiro, junto à parede. Foi ali que o Cozinheiro Ratazana cortou o príncipe em pedaços, compreendeu, e ele assou o empadão num daqueles fornos. Mas o poço era aquilo de que menos gostava. Tinha uns bons três metros e meio de diâmetro, era todo de pedra, com degraus esculpidos nas paredes, descendo em círculos, cada vez mais para baixo, até se perderem nas trevas. As paredes eram úmidas e estavam cobertas de salitre, mas nenhum deles conseguiu ver a água no fundo, nem mesmo Meera com seus penetrantes olhos de caçadora, — Talvez não tenha fundo - disse Bran com incerteza. Hodor espreitou por sobre a borda do poço, que batia na altura do joelho, e disse: - HODOR.' - a palavra ecoou poço abaixo, "Hodorhodorhodorhodor", cada vez mais tênue, "hodorhodorhodorhodor", até se tornar menos do que um murmúrio. Hodor pareceu surpreendido. Então riu e dobrou-se para tirar um pedaço quebrado de ardósia. - Hodor, não! - disse Bran, mas tarde demais. Hodor atirou a ardósia por sobre a borda. - Não devia ter feito isso. Não sabe o que há lá embaixo. Podia ter machucado alguma coisa ou... ou acordado alguma coisa. Hodor olhou-o com uma expressão inocente. - Hodor? Muito, muito, muito embaixo, ouviram o som da pedra ao encontrar água. Não foi um tchap, não propriamente. Foi mais um glup, como se o que quer que estivesse lá embaixo tivesse aberto uma trêmula boca gélida para engolir a pedra de Hodor. Tênues ecos viajaram poço acima, e por um momento Bran pensou ouvir algo se mover, sacudindo-se de um lado para o outro, na água. - Talvez não devêssemos ficar aqui - disse, inquieto. -Junto ao poço? - perguntou Meera. - Ou em Fortenoite? - Sim - disse Bran. Ela soltou uma gargalhada e mandou Hodor ir buscar lenha. Verão também foi. A essa altura já era quase noite, e o lobo gigante queria caçar. Hodor retornou sozinho com ambos os braços carregados de madeira morta e galhos quebrados, Jojen Reed pegou a sua pederneira e a faca e tratou de acender uma fogueira enquanto Meera desossava o peixe que tinha apanhado no último riacho por onde passaram. Bran perguntou a si mesmo quantos anos teriam transcorrido desde que houve pela última vez um jantar preparado nas cozinhas de Fortenoite. Também perguntou a si mesmo quem o teria preparado, embora talvez fosse melhor não saber. Quando as chamas já ardiam bem, Meera pôs o peixe no fogo. Pelo menos não é um empadão de carne. O Cozinheiro Ratazana tinha feito com o filho do rei ândalo um grande empadão com cebolas, cenouras, cogumelos, montes de pimenta e sal, uma fatia de bacon e um escuro vinho tinto de Dorne. Depois, serviu-o ao pai dele, que elogiou o sabor e pediu para repetir. Mais tarde, os deuses transformaram o cozinheiro numa monstruosa ratazana branca que só podia comer os próprios filhos. Desde então, vagueava por Fortenoite, devorando os filhos, mas sua fome ainda não estava saciada. - Não foi por assassinato que os deuses o amaldiçoaram - dizia a Velha Ama - nem por servir ao rei ândalo o filho num empadão. Um homem tem direito à vingança. Mas matou um hóspede sob o seu teto, e isso os deuses não podem perdoar. - Devíamos dormir - disse solenemente Jojen, depois de encherem a barriga. A fogueira queimava baixa. Avivou-a com um pedaço de madeira. - Talvez tenha outro sonho verde para nos mostrar o caminho. Hodor já estava enrolado e roncando ligeiramente. De tempos em tempos agitava-se sob o seu manto e choramingava qualquer coisa que podia ser "Hodor". Bran arrastou- -se para mais perto da fogueira. O calor era agradável, e o suave crepitar das chamas acalmou-o, mas o sono não queria vir. Lá fora, o vento mandava exércitos de folhas mortas marchar pelos pátios e fazia-os arranhar levemente as portas e janelas. Os sons fizeram-no pensar nas histórias da Velha Ama. Quase conseguia ouvir as fantasmagóricas sentinelas chamando umas pelas outras no topo da Muralha e soprando seus fantasmagóricos berrantes de guerra. O pálido luar entrava de viés pelo buraco na cúpula, pintando os ramos do represeiro que se esticavam para o teto. Parecia que a árvore estava tentando pegar a lua e atirá-la no poço. Deuses antigos, orou Bran, se me escutam, não enviem um sonho esta noite. Ou se o fizerem, façam com que seja um sonho bom. Os deuses não responderam. Bran obrigou-se a fechar os olhos. Talvez até tivesse dormido um pouco, ou talvez estivesse apenas dormitando, flutuando daquela maneira característica de quando se está meio acordado e meio dormindo, tentando não pensar no Machado Louco, no Cozinheiro Ratazana, ou na coisa que chegava na noite. Então ouviu o ruído. Seus olhos se abriram. O que foi isso? Segurou a respiração. Terei sonhado? Estaria tendo um estúpido pesadelo? Não queria acordar Meera e Jojen por causa de um pesadelo, mas,., ali... um leve som de arrastar, distante... Folhas, são folhas restolhando nas paredes lá fora e raspando umas nas outras... ou o vento, podia ser o vento... Mas o som não vinha lá de fora. Bran sentiu que os pelos de seus braços começavam a se eriçar. O som está aqui dentro, está aqui conosco, e está ficando mais alto. Apoiou-se num cotovelo, à escuta. Havia vento, e também folhas por ele sopradas, mas isso era outra coisa. Passos. Alguém vinha naquela direção. Algo vinha naquela direção. Sabia que não eram as sentinelas. As sentinelas nunca abandonavam a Muralha. Mas podia haver outros fantasmas em Fortenoite, fantasmas ainda mais terríveis. Lembrou-se do que a Velha Ama disse do Machado Louco, de como ele tinha tirado as botas e percorrido os salões do castelo de pés descalços, na escuridão, sem soltar um som que indicasse onde estava, exceto as gotas de sangue que caíam do machado, dos cotovelos e da ponta de sua barba vermelha e úmida. Ou talvez não fosse o Machado Louco, talvez fosse a coisa que chegava na noite. Todos os aprendizes a tinham visto, dizia a Velha Ama, mas depois, quando contaram ao seu Senhor Comandante, todas as descrições mostraram-se diferentes. E três morreram naquele ano, e o quarto enlouqueceu, e cem anos mais tarde, quando a coisa regressou, os aprendizes foram vistos aos tropeções atrás dela, acorrentados. Mas isso era apenas uma história, Só estava assustando a si mesmo. Não existia coisa alguma que chegava na noite, foi Meistre Luwin que disse. Se algo assim tivesse existido, desaparecera do mundo, como os gigantes e os dragões. Não é nada, pensou Bran. Mas os sons agora eram mais altos. Vem do poço, compreendeu. Isso deixou-o ainda mais assustado. Algo vinha subindo de debaixo do chão, vinha subindo da escuridão, Hodor acordou-o. Acordou-o com aquele estúpido pedaço de ardósia, e agora vem aí. Era difícil ouvir por sobre os roncos de Hodor e o trovejar do próprio coração. Seria o som que o sangue fazia ao pingar de um machadof Ou seria o tênue e distante retinir de algemas fantasmagóricas? Bran escutou com mais atenção. Passos. Eram passos com certeza, cada um ligeiramente mais alto do que o anterior. Mas não conseguia identificar quantos eram. O poço fazia os sons ecoar. Não ouvia nada pingando, e também não ouvia correntes, mas havia algo mais... um som agudo, frágil e lamuriento, como que emitido por alguém com dores, e uma respiração pesada e abafada. Mas os passos eram mais altos. Os passos se aproximavam. Bran estava assustado demais para gritar. A fogueira reduzira-se a algumas brasas fracas e todos os seus amigos encontravam-se adormecidos. Quase saiu de sua pele e foi em busca do lobo, mas Verão podia estar a quilômetros de distância. Não podia deixar os amigos na escuridão, impotentes para enfrentar o que quer que viesse subindo o poço. Eu disse-lhes para não vir para cá, pensou, infeliz. Eu disse-lhes que havia fantasmas. Eu disse-lhes que devíamos ir para Castelo Negro. Para Bran, os passos soavam pesados, lentos, imponentes, raspando contra a pedra. Deve ser enorme. Machado Louco era um homem grande na história da Velha Ama, e a coisa que chegava na noite era monstruosa. Em Winterfell, Sansa disse-lhe que os demônios da escuridão não podiam tocá-lo caso se escondesse por baixo da manta. Quase fez isso agora, antes de se lembrar de que era um príncipe, e quase um homem-feito. Bran contorceu-se pelo chão, arrastando as pernas mortas atrás de si, até conseguir estender a mão e tocar Meera no pé. Ela acordou de imediato. Nunca conhecera alguém que acordasse tão depressa como Meera Reed, ou que ficasse tão alerta tão rapidamente. Bran pôs um dedo sobre a boca para que ela soubesse que não devia falar. Meera ouviu o som de imediato, Bran podia ver no rosto dela; os passos ecoantes, o tênue choramingar, a respiração pesada. Meera pôs-se em pé sem uma palavra e recolheu as armas. Com a lança de três dentes para caçar rãs na mão direita e as dobras da rede pendendo da esquerda, deslizou descalça para junto do poço. Jojen continuou a dormir, sem perceber nada, enquanto Hodor resmungava e se debatia num sono inquieto. Ela manteve-se nas sombras ao se mover, rodeou o feixe de luz do luar tão silenciosa como uma gata. Bran passou todo o tempo a observá-la, e até ele quase não conseguia ver o tênue reflexo de sua lança. Não posso deixar que ela combata a coisa sozinha, pensou. Verão estava distante, mas... ... deslizou para fora de sua pele e procurou Hodor. Não era como enfiar-se em Verão. Isso era agora tão fácil que Bran quase nem pensava no que estava fazendo. Com Hodor era mais difícil, como tentar enfiar uma bota esquerda no pé direito. Servia mal, e além disso a bota estava assustada, a bota não sabia o que estava acontecendo e tentava afastar o pé. Sentiu o sabor de vômito no fundo da garganta de Hodor, e isso foi quase o bastante para levá-lo a fugir. Mas, em vez disso, contorceu-se e impulsionou-se, sentou-se, pôs as pernas por baixo de si - as enormes e fortes pernas - e levantou-se. Estou em pé. Deu um passo. Estou andando, Era uma sensação tão estranha que quase caiu. Conseguia ver-se no frio chão de pedra, uma coisinha quebrada, mas agora não estava quebrado. Pegou a espada longa de Hodor. A respiração era tão ruidosa quanto o fole de um ferreiro, Do poço veio um lamento, um crich penetrante que o atravessou como uma faca. Uma enorme silhueta negra içou-se das trevas e cambaleou na direção do luar, e o medo subiu tão denso em Bran que, antes mesmo de conseguir pensar em puxar a espada de Hodor como pretendera fazer, viu-se de novo no chão, com Hodor rugindo "Hodor hodor HODOR" como fizera na torre do lago sempre que um relâmpago caía. Mas a coisa que chegara na noite também estava gritando, e se agitando violentamente nas dobras da rede de Meera. Bran viu a lança da garota saltar das trevas para apanhá-la, e a coisa cambaleou e caiu, lutando com a rede. O lamento continuava a sair do poço, agora ainda mais ruidoso. No chão, a coisa negra saltou e lutou, guinchando: - Não, não, não, por favor, NÃO... Meera ficou por cima do homem, com o luar brilhando, prateado, nos dentes de sua lança para rãs. - Quem é você? - exigiu saber. - Sou o SAM - soluçou a coisa negra. - Sam, Sam, sou o Sam, deixe-me sair, você me jurou... - Passou rolando pela poça de luar, agitando-se e deixando-se cair, enredado na rede de Meera. Hodor continuava a gritar "Hodor hodor hodor".

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