A geração da rapidinha chegou. Foto bonita no Facebook, entra na página, vasculha o perfil, descobre quem é pai-mãe-melhor amigo-cachorro-casa de praia-onde passou o último verão-e quem foi a última namorada. Adiciona como amigo. Aceitou. Manda Inbox. Respondeu. 10 frases e passa o WhatsApp. -Oi, oi; por aqui é bem melhor. -E aí, o que vai fazer no fds? -Vou na “dasa” e vc? -Também. -Então nos encontramos lá. Alguns dias de ansiedade e chega a hora. Será que ele vai? Com que roupa eu vou? Batom vermelho? Acho que não rola amiga. Vai de nude, salto e saia. -Oi, oi; prazer, prazer. Beijos!!!! Beijos… Beijos sem muita conversa. Mas também, porque beijos precisam ser quase imediatos? Daí rola aqueles olhares sem muita profundidade. Vontade sem muito entusiamo. Mas o que podemos esperar de uma relação tão sem “relação”? Mas está bom, melhor que nada. Vida de solteira anda meio difícil não é mesmo? -Deixa que eu te levo em casa então.
No outro dia de manhã tem WhatsApp. Quem manda primeiro? Quem está mais interessado? Não, quem é mais maduro. Um oi e um tchau. Uma noite, duas noites… Uma semana e uma mudança de lua são suficientes para acabar. A regra das relações rapidinhas segue a mesma constância: acho que não era para ser. É alto demais, é loiro, não trabalha, tem poucos seguidores, vive na balada, gosta de comer milho na frente dos outros e tem uma família meio torta. “Nada”, isso é o que significa as características que usamos para terminar alguma coisa que mal teve a chance de começar. A gente corta as asas de quem nem aprendeu a voar ainda. As pessoas perderam o olhar longo, a jogada de cabelo… Perderam a emoção de um sms escrito “estou com saudades”. Será que ninguém mais tem vontade de olhar as estrelas sem pensar em mais nada além daquele momento? Com aquela pessoa? Será que eu estou sozinha nesse mundo super lotado de pessoas sempre online?
Parece que nada mais tem graça, parece que tudo anda meio vazio. Tudo é tão igual. A gente está perdendo a sutileza de saber o que significa se entregar, merecer, conquistar, estar, viver… Se perceber e se doar. Se amar e admirar a cor dos olhos do outro. A textura do cabelo, os ossinhos da mão e o jeito de andar rápido quando está atrasado. Sabe aquela voltinha na coluna que ninguém tem igual a ninguém? Ninguém mais repara nela. A gente existe por likes. Viaja por comentários, e vai para academia pelo espelho. A legging mais confortável perdeu espaço para a mais bonita. Essa é a lógica das relações de hoje: o que faz bem foi deixado de lado pela triste beleza do que faz mal. Eu tenho medo de pensar onde isso vai parar. Em um mundo onde se compra casamentos, seguidores, silicones, bocas carnudas e o perfect365 é de graça, eu fico pensando: será que um dia alguém ainda vai reparar quantos tipos de sorriso eu tenho?
Por: Suh Riediger
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