No episódio que foi ao ar nesse ultimo domingo, 05 de junho, tivemos a volta do Sandor Clegane, também conhecido como Cão de Caça, mas quem leu sabe que o destino dele no livro foi diferente.
Por isso, achamos relevante mostrar pra quem não leu a diferença na historia e relembrar quem já conhece.
Como vocês sabem, ele era escudeiro do príncipe Joffrey, mas abandonou tudo depois da batalha contra Stannis Baratheon. Confira agora a parte do livro que define esse personagem e que também mostra o seu destino.
BRIENNE VI
— Arya Stark? — Brienne ficou boquiaberta, espantada. — Você
sabia disso? A irmã da Senhora Sansa está viva?
— Então, — disse o Irmão Mais Velho. — Agora ... Eu não sei. Ela
pode ter sido morta entre as crianças nas Salinas.
As palavras foram uma facada em sua barriga. Não, Brienne pensou.
Não, isso seria muito cruel.
— Pode ser que... o senhor queira dizer que não tem certeza... ?
— Estou certo de que a criança estava com Sandor Clegane na
pousada ao lado da encruzilhada, aquela onde a velha Masha Heddle
costumava ficar, antes dos leões a terem enforcado. Estou certo de que
estavam a caminho de Salinas. Mais que isso... não. Eu não sei onde ela está,
ou mesmo se ela vive. Há uma coisa que eu sei, no entanto. O homem que
você busca está morto.
Ela teve outro choque.
— Como ele morreu?
— Pela espada, como ele tinha vivido.
— Você sabe disso com certeza?
— Eu mesmo o sepultei. Eu posso lhe dizer onde está seu túmulo, se
você desejar. Eu o cobri com pedras para impedir os comedores de carniça
de comer a sua carne, e coloquei o seu elmo em cima do monte de pedras
para marcar o seu lugar de descanso final. Esse foi um erro muito grave.
Alguns outros viajantes encontraram o meu marcador e o reclamaram para si
mesmos. O homem que estuprou e matou em Salinas não foi Sandor
Clegane, embora ele possa ser tão perigoso quanto. As terras ribeirinhas são
cheias desses carniceiros. Eu não vou chamá-los de lobos. Os lobos são mais
nobres do que isso... e assim são os cães, eu acho.
— Eu sei um pouco a respeito desse homem, Sandor Clegane. Ele foi
o escudeiro do Príncipe Joffrey por muitos anos, e mesmo por aqui podemos
ouvir falar de suas obras, tanto boas como ruins. Se metade do que ouvimos
for verdade, essa era uma alma amarga, atormentada, um pecador que
zombava tanto dos deuses quanto dos homens. Ele serviu, mas não
encontrou nenhum orgulho em serviço. Ele lutou, mas não tomou nenhuma
alegria na vitória. Ele bebeu, para afogar a sua dor em um mar de vinho. Ele
não amava, nem amava a si mesmo. Foi o ódio que o guiou. Apesar de ter
cometido muitos pecados, ele nunca pediu perdão. Onde outros homens
sonharam encontrar o amor, ou riqueza, ou a glória, este homem Sandor
Clegane sonhou em matar seu próprio irmão, um pecado tão terrível que me
faz tremer só de falar dele. Esse foi o pão a alimentá-lo, o combustível que
manteve suas chamas queimando. Ignóbil como foi, a esperança de ver o
sangue de seu irmão sobre sua lâmina foi tudo pelo qual viveu essa triste e
colérica criatura... e mesmo isso foi tirado dele, quando o príncipe Oberyn de
Dorne apunhalou Sor Gregor com uma lança envenenada.
— Você fala como se tivesse pena dele, — disse Brienne.
— Eu tive. Você também teria pena dele, se o tivesse visto em seu
final. Deparei-me com ele no Tridente, guiado por seus gritos de dor. Ele me
implorou pelo golpe de misericórdia, mas estou jurado a não matar
novamente. Em vez disso, banhei sua testa febril com água do rio, e dei-lhe
vinho para beber e um cataplasma para sua ferida, mas meus esforços foram
insuficientes e tardios demais. O Cão de Caça morreu ali, nos meus braços.
Você deve ter visto um garanhão negro nos nossos estábulos. Esse era o seu
cavalo de batalha, Estranho. Um nome blasfêmico. Nós preferimos chamá-lo
de Driftwood, já que ele foi encontrado as margens do rio. Temo que ele
tenha a natureza de seu antigo mestre.
O cavalo. Ela esteve no estábulo, ouviu os seus coices, mas ela não
tinha entendido. Garanhões eram treinados para dar coices e morder. Em
uma batalha eles eram armas, como os homens que os montavam. Como o
Cão de Caça.
— É verdade, então, — ela disse sombriamente. — Sandor Clegane
está morto.
— Ele descansou. — O Irmão Mais Velho fez uma pausa. — Você é
jovem, criança. Eu já contei quarenta e quatro aniversários... o que é mais
que o dobro da sua idade, eu acho. Você ficaria surpresa ao saber que eu já
fui um cavaleiro?
— Não. Você se parece mais com um cavaleiro do que com um
homem santo. — Isto é demonstrado por seu peito e ombros, e através de sua
mandíbula larga e quadrada. — Por que você desistiu de ser cavaleiro?
— Eu nunca escolhi isso. Meu pai era um cavaleiro, e seu pai antes
dele. Assim foram cada um de meus irmãos. Fui treinado para a batalha
desde o dia em que fui considerado com idade suficiente para segurar uma
espada de madeira. Eu vi a minha parte nisso, e não me desgracei. Eu tive
mulheres também, e então eu fiz minha desgraça, pois algumas eu tomei pela
força. Houve uma garota com quem eu desejava me casar, a filha mais
jovem de um senhor de pequenas posses, mas eu era o terceiro filho de meu
pai e não tinha nem a terra nem a riqueza para oferecer-lhe... apenas uma
espada, um cavalo, um escudo. E em geral, eu era um homem triste. Quando
eu não estava lutando, estava bêbado. Minha vida foi escrita em vermelho,
de sangue e vinho.